O que você faria se um dia descobrisse que tudo que acredita e acreditou até aquele momento, não passa de uma grande estória, uma fábula, uma mentira? Que as coisas que orientaram e o impulsionaram a “ganhar a vida”, não passavam de devaneios de sua mente? Há pelo menos dois filmes que falam sobre esse assunto.“Mente Brilhante” de 2001, dirigido por Ron Howard e estrelado por Russel Crowe e “A Ilha do Medo” de 2010, dirigindo por Martin Scorsese estrelado por Leonardo DiCaprio e com atuações belíssimas de Mark Ruffalo, Ben Kingsley e Emily Mortimerm. O dois filmes, tratam de uma doença chamada esquizofrenia onde as pessoas que sofrem dessa doença, escutam vozes, enxergam pessoas e criam personagens fictícios situações imaginárias. Dados revelam que apenas 1% da população sobre dessa doença.
No entanto, o termo esquizofrenia também pode ser usado na sociologia para explicar comportamentos semelhantes por um coletivo de pessoas. Por exemplo, na Alemanha de 1938, o povo Alemão, após intensa propaganda, passou a acreditar que faziam parte de uma raça pura e que Hitler era um messias, enviado para liderar o povo ariano para vitória. Diferentemente da doença física, que ocorre por causa de deficiências químicas no cérebro humano, a doença social é resultado do uso indiscriminado da propaganda.
Porém, quem acredita que essa prática foi utilizada apenas na década de 1930 pelos nazista está enganado. Hoje a propaganda reinventa nossa noção de realidade disseminando idéias e valores, 24 horas por dia, sete dias por semana em diversos canais diferentes que compõem a grande mídia. É propaganda de tudo, de cosméticos, alimentos, automóveis, planos de saúde, política, esportiva etc. Não temos escapatória, ao acordarmos com o despertador do celular, com uma mensagem recém chegada de uma promoção da operadora, quando ligamos o rádio no carro, nos outdoors nas ruas e estradas, nos intervalos do telejornal, nos banheiros dos aeroportos e estação de metro, enfim, a todo instante em todos os lugares, lá estão as propagandas. Mas ai você poderia se perguntar, o que isso tem haver com a esquizofrenia dos filmes acima? Tudo. A medida que continuamos comprando marcas e não produtos, estamos dando valor para idéias das propagandas, ou seja, acreditando que existe aquela família perfeita no comercial da margarina, na felicidade que promete o refrigerante, nas parcelas sem juros do televisor novo, na marca do jeans ou do tênis, enfim, tudo que nos é vendido através da propaganda vem carregado de símbolos e sensações que não são reais. O problema é quando as pessoas passam a acreditar nessa realidade inventada. É nesse momento que surgem os estereótipos e sociais, os personagens que representam, para muitas pessoas, a perfeição. Levado isso ao extremo, as pessoas passam a viver em função desses valores, atribuindo importância para fantasias, para fábulas publicitárias. Surge então a esquizofrenia social.
k
ResponderExcluirMuito interessante,
ResponderExcluirA vida como representação, o que nós seremos? Que marca? Que sobrenome? Atores?
Dependendo da escolha nós seremos os própios doentes sem mesmo ter sido diagnosticado pela medicina.
Alexandre
Com certeza Alexandre. A Psicologia procura um tratamento para doenças que só a Sociologia pode explicar... Talvez o remédio seja cultura...
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